quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Nunca

Ela nunca partiu, nunca a dei chances de se fazer presente. Eu acreditei que o amor seria apenas luz. E a saudade seria aquele constante olhar. Então agora ela fecha os olhos.
De um dos maiores mistérios da minha vida, o amor se tornou a dor inesperada. Dela sei o nome. Sequer reconheceria sua voz. Ainda me queimo ao tentar me lembrar de sua imagem. Conversamos, sim!, foi bom terem inventado a escrita. Mas as palavras escritas saem sem voz, mesmo que gritadas. O que mais me sangra é perceber que eu poderia ter ido até ela, ainda que com um copo lotado de café em mãos, e perguntado se aquele dia lhe pareceria azul também. Tive medo de ela responder que sim.
No começo, fui todo lamentações, como sou agora, e ela só fazia concordar. Tenho alguma coisa com a tristeza, só não sei bem o quê. Depois fiquei feliz, mas ela, sei lá porque, não me acompanhou. Fez uma falta que jamais imaginei sentir tão intensamente. Aparecia-me o rosto dela em cada manhã. Eu a buscava – mentia para meu coração, mas a buscava.
A caneta e a tinta preta combinam com minha barba por fazer. Jornais sempre me deprimiram, mas nenhum como o de quinta-feira. Ainda não tirei minha blusa cinza, gosto de combinar com as nuvens. O que resta desse amor é só uma lacuna. Sempre houve uma lacuna, entretanto sempre houve minha amada. Amada Amanda, onde foi que lhe perdi? Terá sido nas ruas cotidianas ou nos lugares a descobrir?
Quisera eu que há cinco dias o amanhã não fosse incerto. Agora choro. Escrevo. Choro. Pronto: meu sangue está em paz para jazer com ela.

6 comentários:

Déborah Capel disse...

Na escrita conseguimos impor nossa opnião e marcar mais pessoas do que falando. No entando, o grau de imposição e de veracidade é bem maior e melhor quando falados.
Ahhh, que menina não queria um texto desses?
Qual a Amada Amanda que não se emocionaria ao ler isso?
;*

Sentimentalidades-Todas disse...

O ano começou intenso por essas bandas. Na escrita, nas emoções. Que bom!

E a Amada Amanda encontrou morada eterna nos seu coração....

Abraços!

Flávia disse...

Entregar-se ao pranto pela lacuna do amor que se foi. Quiçá a entrega mais urgente e indiscutivelmente entregue, posto que se vai de olhos fechados e peito aberto ao encontro de uma(ir)realidade etéra, mas palpável.

Obrigada pela visita ao meu recém nascido blog. Aliás, tive o prazer de recebê-lo também em meu espaço antigo, aproveito para agradecer também pela delicadeza de seu comentário no meu último (literalmente) post. Espero que ainda nos encontremos muitas vezes nessa blogosfera cheia de boas suspresas - caso desse espaço lindo, cheio de encanto que você assina.

Beijos!

Tanmires Morais disse...

amei o modo como você escreve...
me lembra de te linkar ;DD

bjo =**

B!ah♥=D disse...

Que lindo...
Que triste...

Nem sei o q dizer...
To linkando vcs tah???

Bjos;
=D

Vita Brevis disse...

Sempre tenho a impressão de que meus amores foram formados com grandes lacunas, distâncias enormes entre eu e meu amado. Deve ser por isso que o amar, para mim, sempre veio acompanhado da vontade de estar cada vez mais próximo de quem eu amei (apesar de este ser um feito quase que inatingível).

Lindo texto, como sempre.

Beijos,
Rafaela